25 de jun. de 2009

Antigomobilismo forçado

por Nícolas Borges

Não é novidade ver carrões estadunidenses pré-1959 (o ano em que Fidel Castro desceu de Sierra Maestra pra subir ao poder) rodando em Cuba, mas o relato do correspondente da Reuters em Havana, Tom Brown, revela algumas curiosidades. A mais óbvia é o jeitinho cubano de manter esses velhinhos na ativa, mesmo com o embargo americano, o que torna quase impossível importar peças de reposição, sem falar no baixíssimo poder aquisitivo médio.

"Infelizmente, por assim dizer, nós cubanos somos muito bons para inventar", disse um motorista que pediu para não ser identificado. "É por necessidade e pela escassez de tudo, incluindo dinheiro." A maioria dos donos de carros antigos na ilha de Fidel acaba trocando a mecânica original por uma mais nova (menos velha?).

Quase sempre, o proprietário é que faz o serviço, junto com algum amigo, para não ter de gastar com um mecânico. E isso acontece também pelo simples fato de esses carros serem usados diariamente, como táxis. Debaixo do capô do Buick Century 1955 de Florentino Marin, por exemplo, o V8 da GM deu lugar a um engenho a diesel da Toyota.

Mas, por "increça que parível", há abnegados que conseguem manter fiéis suas preciosidades e até clubes de colecionadores. "Tenho um Bel Air 1955 com motor original e tudo", se orgulha Robert Enriquez, que garante só ter trocado a caixa de câmbio. "Não sou rico, mas não o vendo por nada no mundo." O que o ajuda é ter um carro mais moderno para tirar seu ganha-pão como taxista.

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