22 de out. de 2010

Salão do Automóvel de São Paulo completa 50 anos.

Em 2010, o Salão do Automóvel de São Paulo completa 50 anos de história, um feito memorável que acompanhou a evolução da indústria automobilística do Brasil. Neste palco, dezenas de modelos de grande sucesso estrearam diante do público e da imprensa especializada, o que mostra a importância desse evento que acontece a cada dois anos na maior metrópole do país. Para comemorar esta data, lembramos alguns modelos especiais e o contexto em que cada um foi apresentado ao grande público. Por isso, o WebMotors trará nas próximas semanas uma série especial de reportagens sobre os carros que fizeram sucesso a partir deste grande encontro de paixões sobre rodas.

Em 1960, o Salão do Automóvel realizado no Parque do Ibirapuera teve 11 expositores que receberam 400 mil visitantes. Naquela época, a indústria automobilística ainda estava se fortalecendo no país, após a criação – em 1956 – de um grupo de estudo que viabilizou a entrada de montadoras estrangeiras no país, projeto do presidente Juscelino Kubitscheck. Até então, o Brasil só contava com modelos importados. Neste ano a Volkswagen apresentou o Karmann Ghia, um modelo cupê com mecânica Volkswagen e design italiano que foi lançado apenas dois anos depois. No ano seguinte, estrearam o esportivo Willys Interlagos, o Simca Chambord, Fusca 1200 e o protótipo Centaurus, que tinha dois motores cujo projeto foi abandonado por uma empresa de Campinas/SP.
Em 1962, o evento de importância internacional teve diversos modelos importantes como o utilitários Chevrolet Amazonas, o Toyota Bandeirantes, além do Aero Willys 2600 com “carimbo internacional” (apelido cunhado pela revista Quatro Rodas, Ed. 29) que acabava de estrear quase que simultaneamente no Salão de Paris. A perua Simca Jangada debutava no segmento das grandes station wagons que os brasileiros ainda não conheciam, e o DKW Fissore, um sedan muito bem equipado e com design italiano foi apresentado pela Vemag. Com estilo limpo o carro foi muito elogiado, apesar de não ter sido um sucesso nas vendas, devido ao seu alto preço.

Em 1964 a Willys apresentou o esportivo Capeta, que não foi produzido em série mas impressionou o público pelas linhas arrojadas. O esportivo Brasinca 4200 GT chamou a atenção com seu motor 6cc de 155 cv, bem como a série DKW “Rio” para o Belcar e a perua Vemaguet, que foram mostrados em um palco que reproduzia as famosas calçadas do Rio de Janeiro. A perua Chevrolet C1416 (que no futuro se tornaria Veraneio) foi a grande atração no estande da GM, como proposta de um veículo familiar luxuoso. O carro em questão trazia motor seis cilindros de 142 cv de funcionamento silencioso, câmbio de três marchas sincronizadas, estofamento em napa, pára-brisa panorâmico e linhas contemporâneas, que só contribuíram para o sucesso nas vendas.
A chegada do ano de 1966 após um duro golpe militar parecia não ter abalado a indústria automotiva que superava a marca de um milhão de unidades produzidas. Nesse ano chegaram automóveis luxuosos que mudariam o padrão do mercado. Sem dúvida o grande lançamento era o Ford Galaxie brasileiro, que trazia motor V8 e itens de luxo presentes nos grandes carros americanos. Também brilharam o Uirapuru conversível; o Itamaraty Executivo com elementos de conforto como ar condicionado, revestimento especial e consagrada mecânica Willys; o Simca Esplanada, que era um Chambord com linhas atualizadas; o aguardado Puma GT que seria sucesso em todo o país e a linha Gurgel, marca genuinamente nacional que apresentava os modelos Xavante, Enseada, Augusta e Ipanema. O FNM Onça também levantou as expectativas do público sobre o segmento dos esportivos pois tinha desenho inspirado nos Mustang e conjunto mecânico digno para a época: motor quatro cilindros de 1.975 cc, de 115 cv que levava o carro a 175 Km/h. No segmento de peças destaque para os faróis iodo da Cibié que tornavam a iluminação mais eficiente.
Em 1968 era realizado o último evento no Parque do Ibirapuera, que era insuficiente para sua estrutura. A partir de 1970 o Salão iria para uma nova área que já estava em construção; o Pavilhão do Anhembi, na zona norte da cidade, seria o maior da América Latina. Este salão teve grandes lançamentos que modernizaram o catálogo de modelos nacionais. A grande novidade da Ford era a entrada no segmento dos populares, ainda que nesta época ter um automóvel fosse privilégio de poucos, e mostrou o Corcel, um compacto de linhas modernas e motor 1,4 litro refrigerado a água e acabamento de bom gosto, que combinava os clássicos cromados com elementos modernos. Depois de muita expectativa e de um grande trabalho publicitário com teasers na televisão e na mídia impressa, a GM apresentava o sedan Opala, que chegava em grande estilo; uma plataforma fazia o carro girar no estande exibindo o carro com as portas abertas onde se via um estofamento e revestimentos brancos. Para a imprensa especializada, os primeiros testes concluíam que o motor seis cilindros de 3,800 cc tinha desempenho incrível, apesar do estilo demasiado sóbrio do interior e da parte dianteira. Mal sabiam que estes elementos só mudariam 11 anos depois, em 1980. A concorrência viu que a GM faria do Opala um carro para vários segmentos, e estava certa.

A Volkswagen estava atenta aos movimentos do mercado e mostrava o sedan 1.6, de quatro portas, com carroceria totalmente nova. O carro que teria o apelido de Zé do Caixão, devido ao seu formato, não fez tanto sucesso como esperado e isso não se deve a nenhum problema mecânico, já que usava o motor refrigerado a ar com 1.600 cc, mas sim ao estilo do carro que não agradou aos consumidores. A Chrysler lançava o esportivo GTX, ainda usando a estrutura dos Simca Chambord com o motor Emi Sul V8 2,4 litros e 130 cv. O presidente Militar Costa e Silva e o governador de São Paulo, Abreu Sodré, acompanhavam com o orgulho o evento e assim como os outros chefes de Estado, fizeram questão de conhecer cada um dos grandes lançamentos no dia da abertura oficial que teve cinco mil convidados.

Nesta época, a indústria nacional já havia produzido dois milhões de veículos, e a proporção de automóveis para cada grupo de pessoas chegava a um veículo para cada 34 habitantes. Nesse contexto, as montadoras estavam de olho num país emergente e com grande potencial.

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