3 de dez. de 2010

Avaliação: Renault Fluence agrada, mas objetivo é ficar abaixo do líder.

Sucessor do Mégane chama a atenção pelo pacote de equipamentos, mas falha nos detalhes
 
É comum durante os lançamentos de veículos o fabricante alardear que seu objetivo é bater o líder do segmento e faturar um volume altíssimo de seu modelo. Contudo, não foi o que se viu durante a apresentação do Fluence, novo sedã médio da Renault. A meta do argentino é clara: superar o Chevrolet Vectra e chegar à terceira posição da categoria. Na prática, o que se viu foi exatamente isso. O Fluence é um bom sedã, mas nem tanto.
Só automático
Oferecido com apenas uma opção de motor (2,0-litros de até 143 cv), o Fluence chega às lojas em janeiro nas versões Dynamique (R$ 59.990) e Privilège (R$ 75.990) – esta última, avaliada pelo WebMotors em São Paulo, é equipada com câmbio automático continuamente variável (CVT) com opção de trocas sequencias de seis marchas “virtuais”. A transmissão manual só é oferecida para o Fluence de entrada.

O catálogo de equipamentos do Fluence tem lógica. Com status abaixo dos japoneses Honda Civic e Toyota Corolla, o Renault aposta em uma lista de equipamentos de série mais recheada do que seus rivais. E, de fato, o sedã médio feito na Argentina oferece mais por menos. Todos os modelos vêm de fábrica com trio-elétrico, ar-condicionado dual zone, direção elétrica, seis airbags e ABS. Adicionalmente podem ser acrescentados ao Fluence Privilège faróis de xenônio e teto-solar elétrico.
O festival de mimos é bem embalado. Desenvolvido em parceria com a Samsung, o Fluence tem linhas agradáveis, deixando os 4,62 m de comprimento elegantes. Assim como seu antecessor Mégane, o modelo chama a atenção graças ao ar de novidade, mas não torce pescoços – o que nem sempre é ruim, em se tratando de um segmento onde discrição também é bem-vinda.

Os números enganam
O que não é bem-vindo em uma categoria que valoriza o espaço interno é o aperto no banco de trás. Com o banco dianteiro regulado para um motorista de 1,75 metro, o carona traseiro ficará com os joelhos próximos do encosto. Curiosamente, a Renault destacou o entre-eixos de 2,70 m, superior ao Corolla, como uma virtude do Fluence. Porém, em veículos com o eixo dianteiro avançado, como o Fluence, o número nem sempre indica uma cabine mais confortável do que outros modelos.
Outro número que pode enganar é a relação peso/potência, de 9,6 kg/cv (com etanol). Se os 143 cv de potência chamam a atenção para a esportividade no showroom da concessionária, na prática o Fluence se mostra mais pacato.

Priorizando o conforto
Com uma calibração mais suave do que no Sentra, o câmbio CVT faz uma pacata dupla com o motor 2,0 16V, oferecendo força para ultrapassagens, mas sem pressa para concluir as tarefas. A pegada “relax” do Fluence continua com a direção elétrica e suspensão macia. Não é como um sedã americano, mas não espere o ritmo de um Civic. Em movimento, o Fluence está mais para um Corolla.

O silêncio a bordo também é um ponto positivo do sedã, mas o sistema de som (que recebeu grande destaque durante a apresentação do Fluence) fica devendo em potência, distorcendo em volumes mais elevados. O sistema de GPS de série na versão topo de linha é eficiente, mas a tela fixa no painel incomoda. É algo que o motorista compulsoriamente precisa ficar olhando, mesmo quando não está em uso.
Ao alcance dos olhos também estão pequenas rebarbas ao redor do (nada prático) botão do controlador/limitador de velocidade e puxador das portas. São detalhes pequenos, e ainda estão em menor número do que no Vectra. Mas são falhas que não ocorrem no Civic e Corolla.

Sensatez
Por essas e outras a Renault já sabe: vender 20 mil unidades por ano é possível, com uma boa campanha de marketing e preços fixos para as revisões programadas. Em troca do valor justo para seu segmento, o Fluence oferece conforto, desenho harmônico e diversos mimos para seu proprietário. Algumas falhas podem incomodar os mais exigentes, mas estes não poderão criticar o Fluence. Honesto, o sedã cumpre o que se compromete a fazer.
Test-drive feito a convite da Renault do Brasil

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