9 de abr. de 2010

Medo de dirigir: corra para ele!

Veja o que espera por você do outro lado do pavor ao volante

http://www.webmotors.com.br/webmotors/ssRevista/_fotos/abre-05726-medo.jpg

“Depois que uma borboleta nasce ela jamais volta a ser lagarta”. A frase, do escritor inglês Colin Winson, é a que melhor sintetiza a nova etapa que estou vivendo no desafio “Coragem de Dirigir” .

Com o enfrentamento do medo acontece algo parecido. Correr até ele, em vez de fugir, substitui o impossível pelo talvez, o talvez pelo pode ser, o pode ser pelo é. Quanto tempo leva essa metamorfose? Isso não tem a menor importância. Apelando, desta vez, para o filósofo Fichte, “Ser livre não é nada. Tornar-se livre é o que conta”.

Vantagens de ter medo

Um dos aspectos trabalhados nas aulas de volante com um terapeuta especializado em medo de dirigir são as vantagens, ou ganhos secundários, de ter medo. Embora o pânico de guiar faça com que não enxerguemos nenhuma, de acordo com a psicóloga Cláudia Ballastero, especialista em medo de dirigir, ficar na zona de conforto tem seus “benefícios”. “Contar sempre com a companhia de alguém, não querer assumir novas responsabilidades – a pessoa que carrega o mundo nas costas vai carregar um pouco mais, só que agora de carro - e tirar do outro, muitas vezes, a única coisa que ele faz por ela”, aponta Ballastero.

Outro aspecto comum a todos que têm medo de dirigir é a resistência em cometer erros. Isto significa que sofremos de perfeccionismo? Na maioria das vezes sim. Segundo relatos de quem vive esse drama, o grande empecilho é o medo de errar e, possivelmente, ser hostilizado por outros motoristas (e eles fazem isso). “O perfeccionismo é um grande problema porque faz com que a pessoa coloque metas impossíveis de serem atingidas, deixar de vivenciar as pequenas coisas e, o pior, deixar de aproveitar e apreciar as pequenas conquistas!”, explica Ballastero. Evitar dirigir por medo é um fato perceptível, mas quantas conquistas e paisagens deixamos de lado por medo de vivenciar o passo a passo inerente a toda nova atividade? Dançar, por exemplo, cantar, aprender um idioma.

Medo e dor servem para abrir os olhos, não para fechá-los. Tanto um como outro indicam que algo, mais profundo, não vai bem. São alertas e – nesse ponto – podem ser considerados uma dádiva. Tal como no mito grego de Pandora, ao abrir a nossa caixa de emoções seremos surpreendidos com muitas coisas que preferiríamos continuar negando. É só ao vê-las, entretanto, que teremos uma chance de nos curar. Ao enfrentar o medo, esvazia-se um saco, o da ansiedade, e enche-se outro, o da confiança. O medo de fazer é curado ao fazê-lo. Se pelo medo entramos na zona de conforto, nada melhor do que o medo para nos motivar a sair dela.

Cada desafio que enfrentamos nos torna mais habilidosos e conscientes, isso vale também para o volante. De minha parte, estou saboreando o fim daquele frio insuportável que se alojava na boca do estômago só de imaginar pegar o carro. Que delícia não senti-lo, que liberdade. Mesmo com meus avanços, ainda não recebi alta, nem quero. Não tenho pressa. Logo me lançarei em tarefas mais difíceis, como um curso de aperfeiçoamento no autódromo de Interlagos no Centro de Pilotagem Roberto Manzini. Já imaginou? Do medo ao autódromo! É mais do que eu poderia imaginar.

E você, com frio na barriga só de pensar em dirigir? Inverta a ordem: corra você atrás de seu medo. Enfrente!


Nenhum comentário: