17 de mai. de 2010

Novo Fiat Uno obtém nota acima de média (73) em avaliação.

Com a nova geração do Uno, Fiat tenta ter finalmente o carro mais vendido do Brasil.

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A Fiat quer acabar com essa história de ter um carro de passeio eternamente na vice-liderança do mercado brasileiro. E o personagem para reverter este quadro é justamente o novo Uno. A segunda geração do compacto chega com visual estiloso e plataforma mais moderna para vender a imagem de renovação. Mas não sepulta imediatamente o veterano Uno Mille. Ou seja, a marca italiana quer lançar mão de uma “estratégia” que seus rivais também usam. Ao juntar as vendas de ambos os hatches, espera conseguir fazer frente ao Volkswagen Gol, líder há 22 anos do setor por aqui e que, no ranking da Fenabrave, também coloca no “mesmo saco” as vendas do modelo mais moderno com a antiga geração, chamada G4.

Obviamente, em um mercado ávido por desenhos moderninhos, só que sensível ao preço, a Fiat não vai sacrificar volumes de vendas tirando o velho Uno de circulação de imediato. O velho modelo vai continuar em linha com a conhecida alcunha Mille, mas com data de validade: 31 de dezembro de 2013. A parte moderna da linha vai ficar a cargo do novo carro, que adotou um desenho bastante interessante, inspirado no Panda europeu. O novo Uno mantém o padrão quadrado do seu original, que rendeu até o apelido de “botinha ortopédica” na época do lançamento, em 1984 – desde 1992, passou a ser chamado apenas de Mille. Os cortes retos predominam, com diversos detalhes arredondados. Por isso, o estilo apelidado pela Fiat de Round Square – quadrado arredondado.

Na frente, o capô curto tem apenas dois ressaltos na altura dos generosos faróis horizontais com contornos arrendondados. Na ponta do capô, ao lado da logomarca, três simpáticos elementos retangulares puramente estéticos. Abaixo, o para-choque envolvente traz uma enorme entrada de ar no estilo bocão. Visto de perfil, o novo Uno ostenta uma linha de cintura quase plana e caixas de rodas bem definidas. Uma moldura preta, posicionada em uma cavidade na lataria na parte inferior das portas, quebra as linhas limpas e discretamente abauladas da carroceria.
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Atrás, mais “briga” entre o quadrado e o redondo. As lanternas paralelas ao vidro invadem levemente as laterais. O vidro traseiro tem cortes secos e contrasta com a tampa do porta-malas levemente abaulada. Lá, os três elementos retangulares da frente são expostos em forma de cromados para acomodar cada uma das letras do nome do carro. Por dentro, a Fiat resolveu abusar dos elementos arredondados. O quadro de instrumentos tem mostradores redondos e saídas de ar circulares. Os motores também são estreantes. Os novos blocos da linha Fire da FPT receberam o nome Fire Evo. O novo Uno usa o propulsor 1.0 com 73 cv com gasolina e 75 cv com etanol e torque de 9,5/9,9 kgfm a 3.850 rpm. Já a unidade 1.4 oferece 85 cv e 88 cv de potência e 12,4/12,5 kgfm de torque a 3.500 giros.
Na parte do custo/benefício, a Fiat sabe que não pode brincar se quer mesmo sair da vice-liderança. O Uno chega em quatro versões de acabamento e começa em R$ 25.550 na inicial Vivace 1.0 duas portas, configuração de carroceria que só surge em junho, enquanto a quatro portas parte do R$27.350 e já está nas revendas. Por este preço, a lista de itens de série é bastante enxuta. Espelho no para-sol do passageiro, relógio digital, encostos de cabeça com ajustes de altura, banco traseiro rebatível, econômetro, entre outros. A Attractive 1.4 incorpora cintos dianteiros com regulagem de altura e laterais traseiros de três pontos, conta-giros, abertura interna das tampas dos porta-malas e do tanque de combustível, espelho no para-sol do motorista, comando interno manual dos retrovisores, ajuste de altura do volante, limpador e lavador do vidro traseiro, entre outros. Com isso, chega a R$ 31.080 na quatro portas - a duas portas chega no mês que vem por R$ 29.280.

A segunda geração do Uno mantém a versão pseudo-aventureira Way. Todas com diversos apliques mais esportivos e jipeiros: faróis com máscara negra, suspensão elevada, lanternas fumê, revestimento preto nas colunas centrais e nas caixas de rodas, barra longitudinal no teto. Com motor 1.0, parte dos R$ 26.690 e R$ 28.490 - duas e quatro portas - e chega aos R$ 30.070 e R$ 31.870 na motorização 1.4, a top de linha que conta com os mesmos equipamentos da Attractive e recebe, ainda, pneus de uso misto e soleiras nas portas. Para incrementar o carrinho, só mesmo com os opcionais e os pacotes de personalização, com faixas adesivas e outros apliques estéticos, à la Smart ForTwo. Afinal, vale tudo para virar o jogo.

Instantâneas

# O novo Uno foi desenvolvido pelo Centro Estilo Fiat para América Latina em conjunto com a matriz italiana.
# O projeto do carro, chamado de 327, foi todo elaborado no Polo de Desenvolvimento Giovanni Agnelli, em Betim, Minas Gerais.
# O painel do compacto tem textura reticulada, com pequeninos quadrados em sua superfície.
# O econômetro presente apenas na versão de entrada é o indicador de consumo instantâneo já existente no Palio Fire Economy e no Uno Mille Economy.
# O console de teto disponível nas versões com motor 1.4 conta com espelho auxiliar para ver as crianças no banco de trás, similar ao já encontrado no Idea.
# O novo Uno tem seis opções de kit de personalização: Square e Smile para a Vivace, Jeans e Sunny para a Attractive, e Tribal e Steel para a Way. Há mais três pacotes de concessionárias: WWW, Arabesco e Podium.
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Ponto a ponto

Desempenho - Os 88 cv de potência com etanol do novo motor 1.4 Fire Evo dão conta do recado para transportar os poucos mais de 900 kg do novo Fiat Uno. As respostas do propulsor são eficientes e condizentes com a proposta urbana do carrinho. O bom escalonamento do câmbio contribui para a performance do compacto que, segundo a Fiat, faz um zero a 100 km/h em 11,5 segundos com etanol. As retomadas, contudo, são bem mais interessantes. Isso porque boa parte do torque já está disponível nos 2.500 giros e, mesmo em quinta marcha, o motor enche rápido para otimizar as ultrapassagens. Depois dos 120 km/h, porém, é preciso paciência e pé fundo para chegar aos 140 km/h. Nota 7.

Estabilidade - O teste efetuado praticamente todo em retas impediu uma análise mais profunda da rigidez torcional e do comportamento dinâmico do novo Uno nas curvas. Nas retas planas e em altas velocidades o compacto deixa claro mais uma vez que é um carro para a cidade e condução “normal”.
A partir dos 120 km/h uma sensação de flutuação já se faz perceber e o modelo passa a exigir correções. Nas freadas, o modelo se porta bem,
sem mergulhar em demasia a frente. Nota 6.
Interatividade - É um dos destaques da segunda geração do compacto da Fiat. Os comandos são bem intuitivos e estão ao alcance do motorista. A regulagem de altura do volante disponível nas versões 1.4 e a posição elevada do banco contribuem para o motorista encontrar a melhor posição de dirigir. A visibilidade é boa em quase todo o carro e as dimensões enxutas facilitam na hora de manobrar. A direção é suave e precisa, mas o câmbio, apesar dos engates macios, merecia mais precisão. O quadro de instrumentos enxuto oferece uma visualização rápida e clara. Nota 8.

Consumo - O modelo testado não tinha computador de bordo e a Fiat fala em média urbana 9,1 km/l com etanol e média urbana de 12,2 km/l. Nota 7.

Tecnologia - O Uno usa uma plataforma nova em um segmento muito carente de arquiteturas modernas. Além disso, agrega uma linha de motores Fire Evo igualmente nova. Os itens de segurança, de entretenimento e de conforto mais interessantes, contudo, só estão disponíveis como opcionais. Nota 7.

Conforto - Para um compacto, o novo Uno oferece um espaço bem mais interessante e honesto no interior. Motorista e carona tem um vão razoável para joelhos e o vão para cabeças é generoso para praticamente todos os ocupantes. Atrás, dois adultos viajam sem apertos e também desfrutam de um espaço interessante para pernas. A suspensão filtra bem as irregularidades da pista. O isolamento acústico, contudo, é péssimo. Aos 100 km/h o barulho do motor e de rodagens já começa a incomodar. Nota 7.

Habitabilidade - A Fiat distribuiu bem os porta-objetos pelo novo Uno. Há porta-copos e porta-garrafas no console central e nas portas. Os acessos ao carro são fáceis para quem vai na frente, graças ao bom vão das portas. Atrás, é preciso fazer um pequeno contorcionismo, mas nada traumático. O porta-malas comporta 290 litros, normal para o segmento. Nota 8.
Acabamento - O interior do Uno, apesar de estiloso, é bem simples. Mas os pequenos quadradinhos usados nas texturas utilizadas no painel, além de passarem uma impressão visual interessante e moderninha, agradam ao tato. No mais revestimentos do teto, portas e bancos são honestos. Só mesmo os comandos do ar aparentam má qualidade. No mais, encaixes e fechamentos são precisos na maior parte das vezes. Nota 7.

Design - A Fiat costuma acertar nesse quesito e com o Uno a marca italiana merece elogios mais uma vez. O tal do conceito Round Square foge do lugar-comum e da mesmice dos compactos ao adotar um visual bastante quadrado e de traços bem definidos com partes abauladas e arredondadas. O resultado é um conjunto moderno, harmônico e robusto. Nota 9.
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Custo/benefício - A Fiat quer fazer do novo Uno um modelo competitivo ao extremo. Por isso, colocou o hatch começando em R$ 25.550 na versão de entrada Vivace 1.0 até R$ 31.870 na Way 1.4 avaliada. A lista de itens de série é enxuta, mas segue a lógica dos rivais Celta e Gol. Nota 7.

Total - O novo Fiat Uno somou 73 pontos em 100 possíveis.

Primeiras impressões

Urbanóide ao quadrado - (Praia do Forte/Bahia) - O novo Uno, lançado na Bahia com muita pompa e cercado de muita expectativa, não nega as origens. A segunda geração do compacto acerta ao adotar as soluções que o modelo da década de 80 já fazia. Ou seja, o hatch que chega agora oferece boa interatividade, espaço interessante para um compacto e habitabilidade eficiente. A grata surpresa já fica por conta da ergonomia. A posição elevada de dirigir, os principais comandos ao alcance, a direção precisa e as amplas janelas garantem ao motorista uma manobrabilidade e visibilidade elogiáveis.

O espaço também merece atenção. O condutor desfruta de um espaço interessante para joelhos e pernas. No banco traseiro, o espaço também é satisfatório para dois adultos viajarem tranquilos – uma criança a mais já compromete o conforto. O vão para cabeças, porém, além de generoso, passa uma impressão de amplitude dentro do carro. Ao mesmo tempo, motorista e ocupantes contam com mais de 10 porta-objetos espalhados pelo habitáculo, entre porta-copos e porta-trecos, a maioria bastante prática.

Depois de virar a chave, é hora de ver do que o novo motor Fire Evo 1.4 é capaz. E o propulsor desenvolvido pela FTP Powertrain Technologies mostra toda sua faceta urbanóide. Para transportar os 940 kg do novo Uno, o modelo oferece acelerações interessantes, mas sem qualquer arroubo de performance.

O câmbio bem escalonado, com as primeiras marchas mais curtas, facilita o desempenho do compacto. Na hora das ultrapassagens, o propulsor oferece mais destreza. Já aos 2.500 giros enche rápido e favorece as ultrapassagens, seja em quinta ou quarta marcha.

O novo Uno só deixa a desejar mesmo em velocidades maiores. Primeiro porque, depois dos 100 km/h, é preciso “pé pesado” para conseguir acelerar mais. Depois dos 120 km/h, pé mais fundo ainda e paciência para colocar o ponteiro do velocímetro nos 140 km/h. Nessas velocidades, contudo, é necessário ainda falar alto a bordo do carro. Isso porque o isolamento acústico é restrito e os ruídos são todos percebidos. Além disso, a estabilidade também passa a ficar comprometida após os 120 km/h, quando a comunicação entre rodas e volante se torna menos precisa. Falhas e virtudes que deixam evidentes que o moderninho Uno é mesmo um carro feito e voltado para as cidades.


FICHA TÉCNICA – Novo Fiat Uno

MODELOSNovo Fiat Uno Attractive e Way
Quatro tempos, 4 cilindros em linha, 999 cm³ e 1.368 cm³
1.0 - 73 cv (gasolina) e 75 cv (álcool) a 6.250 rpm/ 1.4 - 85 cv (gasolina) e 88 cv (álcool) a 5.750 rpm
TORQUES1.0 - 97 Nm a 3.850 rpm (álcool) – 1.4 - 122 Nm a 3.500 rpm (álcool)
CÂMBIOS Manual, 5 velocidades
TRAÇÕESDianteira
DIREÇÕESPor pinhão e cremalheira
RODAS 165/65 R13/ 175/65 R14 (opcional)
COMPRIMENTO3,77 m
ALTURAS1,56 m e 1,49 m
LARGURA1,67 m e 1,64 m
ENTREEIXOS2,37 m
PORTA-MALAS280 l
PESO (em ordem de marcha)895 kg e 950 kg
TANQUE 48 l
SUSPENSÕES Dianteira do tipo McPherson; traseira com eixo de torção
FREIOSDiscos na dianteira e tambor na traseira (ABS opc)
PREÇOR$ 25,5 mil (Vivace), R$ 31 mil (Attractive) e R$ 31,87 mil (Way)

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