21 de mai. de 2010

Chevrolet Classic quase repete de ano em avaliação.

Depois do face-lift para adiar aposentadoria, Chevrolet Classic quer mostrar que está na briga.

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A idade é um peso e tanto para o Chevrolet Classic. Lançado em 1995, o modelo “reinou” quase solitário por 10 anos no segmento de sedãs compactos de entrada e foi líder absoluto de vendas graças a seu bom custo/benefício. Ao longo de seus quase 15 anos, o carro foi se simplificando e ganhou concorrentes, como o Renault Logan e o Fiat Siena Fire. A saída da Chevrolet para manter seu segundo modelo mais vendido – atrás apenas do Celta – no páreo dos sedãs compactos foi mexer na aparência do antigo Corsa sedã. Na dianteira, capô com vincos mais salientes, faróis similares aos do Corsa hatch, além de para-choque redesenhado. Na traseira, as lanternas agora são horizontais e avançam sobre o porta-malas. A grade frontal também mudou e agora passou a ostentar o emblema da Chevrolet sobre um friso transversal. Repetidores de seta nos para-lamas dianteiros, frisos laterais, e retrovisores na cor do carro completam as novidades.

Por dentro, porém, o Classic mantém basicamente o mesmo interior herdado do Corsa dos anos 90. Sob o capô também não há novidades. O motor 1.0 VHCE é outro velho conhecido. Estreou no Corsa de 1994 e sofreu melhorias ao longo dos anos. Desde a última, em 2009, o propulsor ganhou potência e passou a entregar 77 cv com gasolina e 78 cv com etanol a 6.400 rpm. Seu torque máximo é de 9,5 kgfm e 9,7 kgfm, respectivamente.

Dono de números de vendagem invejáveis, como a marca de mais de 1 milhão de unidades comercializadas, o Classic repaginado sai de fábrica a partir de R$ 28.294. Mas conta apenas com desembaçador do vidro traseiro e vidros verdes. Vendido agora somente em uma versão, a LS, o sedã tem opcionais como ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros, travas elétricos e até alça de segurança no teto – este último presente no chamado “Kit Conforto”. Com todos os opcionais, o sedã chega a R$ 34.534.

Segundo a Chevrolet, a expectativa de vendas do novo Classic é de 11 mil unidades por mês. Em abril, primeiro mês de comercialização depois do “face-lift”, as vendas somaram 10.492 unidades, número próximo à meta da montadora. Desde 2005, quando vendeu 67.669 unidades, suas vendas registram crescimentos anuais. Em 2009 foram 108.434 veículos comercializados, o equivalente a um em cada três modelos sedã com motor de 1.0 litro. Número de vendas recorde nos 15 anos de existência do Classic, que é produzido no Brasil nas plantas paulistas de São Caetano do Sul e São José dos Campos.

Ponto a ponto

Desempenho – O motor 1.0 VHCE é eficiente para o seu porte e responde bem às investidas no acelerador. Capaz de desenvolver 77 cv com gasolina e 78 cv com etanol, o propulsor dá conta da maioria das ultrapassagens e permite retomadas honestas. O Classic atingiu velocidade máxima de 160 km/h a 6 mil rpm e percorreu zero a 100 km/h em 14 segundos. Nada mal para um 1.0. Nota 8.

Estabilidade – A idade pesa novamente contra o veterano, que torce além do desejável nas curvas. A impressão que o carro transmite é de ser leve demais, mesmo em velocidades regulares, perto dos 110 km/h. Sinal de que é bom não “pisar fundo”
com o Classic. A sensação de flutuação é percebida a partir dos 130 km/h. Nota 6.

Interatividade – O interior tem poucos comandos, mas em geral, são bem posicionados. A direção é precisa e o câmbio tem engates suaves. A visibilidade frontal é boa, já a traseira é um tanto limitada. A posição de direção é alta. Nota 6.

Consumo – O modelo testado fez a média de 7,2 km/l utilizando etanol, com uso 2/3 urbano e o restante na estrada. Bebe mais do que deveria, para um carro de mil cilindradas. Nota 6.

Conforto – O Classic tem espaço para pernas razoável, mas o motorista sofre com a altura e a posição ligeiramente torta do volante – herança inexorável da linha Corsa. De uma forma geral, o espaço interno é bom. Depois de tanto “tempo de praça”, a suspensão do modelo é bem acertada e garante algum conforto. Ruídos não chegam a incomodar muito em seu interior. Nota 7.
Tecnologia – Simplicidade é a palavra de ordem dentro do modelo. Uma das raras “mordomias tecnológicas” é o vidro elétrico com sistema “um toque” – mas somente para baixar o vidro. O motor 1.0 VHCE é mais que testado e recebeu algumas evoluções durante os anos - a última em 2009. O sedã compacto usa uma plataforma apresentada no Brasil em 1995. Nota 5.

Habitalidade - O porta-malas de 390 litros é o menor do segmento de sedãs compactos. Mas, pelo menos, há uma boa oferta de porta-objetos. A iluminação interna é satisfatória. Nota 7.

Acabamento – Não é o forte do Classic, nem dos concorrentes diretos. O interior pouco mudou desde os anos 90, mas o nível de acabamento foi se tornando mais simples com o passar do tempo, quando o modelo abriu mão de seus pequenos requintes dos tempos de Corsa sedã para assumir a atual função de “extremamente básico” da marca.
Quase todo o revestimento é feito de plástico, sem sutilezas. Nota 5.

Design – No segmento de sedãs mais “baratos”, o estilo não está entre as prioridades – tanto que o antigo Classic sempre vendeu bem. Apesar do interior ser ultrapassado, o exterior ganhou um ar menos anacrônico, herdado do chinês Sail – que, por sinal, acaba de ser modernizado e já exibe um aspecto diferente. Visto de lado, o sedã continua o mesmo. Suas atuais linhas não são unanimidade. Mas inegavelmente representam algum rejuvenescimento, quando comparadas ao arcaico Classic anterior. Nota 6.
Custo/benefício – É a razão de ser desse segmento. O Classic é um sedã com preço inicial de R$ 28.294, e o preço é realmente seu maior atrativo. É ligeiramente mais caro que seus rivais Fiat Siena Fire e Renault Logan, e poucos reais mais barato que o Ford Fiesta Sedã. Com todos os opcionais, o sedã compacto não passa de R$ 34.534. Nota 8.

Total – O Classic LS 1.0 VHCE Flexpower fez 64 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - No túnel do tempo

Entrar no Classic é voltar no tempo. Os botões, saídas de ar, volante e painel fazem acreditar que se está na década de 90. Sensação provocada pelo foco que a Chevrolet dá ao custo/benefício do modelo, que valoriza o preço mais do que a aparência ou o conforto.

Mesmo assim, não há carro que resista ao tempo. E, pensando nisso, a Chevrolet deu um “tapa” na aparência do Classic. Tanto a traseira quanto a dianteira receberam linhas herdadas do chinês Sail, passando a ter um visual mais contemporâneo – o que não significa necessariamente bonito.

Sob o capô está certamente o ponto alto do veterano. O motor 1.0 VHCE garante respostas honestas e retomadas eficientes, sempre atuando com giros altos. Capaz de gerar 78 cv com etanol e 77 cv com gasolina, o motor oferece arrancadas competentes e um zero a 100 km/h em 14 segundos cravados, razoável para um carro 1.0 com 920 kg. Já o consumo é um pouco desanimador.

Apesar do motor pequeno, o Classic fez média de 7,2 km/l com etanol em uso 2/3 urbano e o restante rodoviário.

O comportamento dinâmico do Classic deixa a desejar. Nas curvas, mesmo em velocidades regulares, o carro não transmite muita confiança. A carroceria torce e, se a velocidade é mais elevada, aparece a ameaça de se perder a dianteira. Já a suspensão é bem calibrada – uma vantagem de ser um veículo tão testado ao longo dos anos – e garante algum conforto ao filtrar as irregularidades da pista. Em altas velocidades, a comunicação entre rodas e volante se mostra eficiente somente até os 130 km/h. A máxima do Classic ficou em 160 km/h.

No interior com cara de Corsa dos anos 90, muita simplicidade e pouco espaço para o motorista, que sofre com a altura baixa do volante sem regulagem. Já os passageiros vão bem acomodados, graças ao satisfatório espaço interno. Apesar de seu aspecto um tanto “vintage”, os botões são acessíveis. E a visibilidade frontal é boa, facilitando a vida do motorista. Os ruídos do motor não chegam a incomodar e o painel é bem visível.

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