de trocar os pneus e a troca efetiva deles. Normalmente, até por indicação de profissionais, as pessoas compram pneus novos para a frente e passam os pneus velhos que estiverem em melhor estado para a parte traseira. Certo? Absolutamente errado, segundo César Urnhani, piloto da Pirelli que estuda o assunto há anos. Entre muitas outras vitórias, César ostenta na estante o troféu de campeão na categoria especial das
mil milhas de Interlagos. Do alto dessa experiência invejável, o piloto adverte que o comportamento normal, de privilegiar a frente do carro com os pneus mais novos, pode tornar mais difícil uma situação em que o controle do carro seja importante.
assista ao vídeo com a explicação de César Urnhani
Em carros de passeio, os pneus têm compromisso misto. E precisam oferecer conforto e aderência em diferentes pisos, especialmente em pisos molhados. Nesse caso, os pneus têm a tarefa de cortar o filme de água, ou seja, drenar a água e resistir ao aquaplane. O aquaplane nada mais é do que a situação na qual os pneus perdem o atrito com o solo e a água não é escoada, aquele conhecido momento em que o carro entra em uma poça de água. O motorista perde o controle do carro e não adianta virar o volante para o outro lado, pois não há atrito e, portanto, a direção não manda nos pneus. Nesse momento, o motorista virou passageiro, e a única coisa a fazer é manter a direção na qual o carro ia antes de entrar no aquaplane.
A Pirelli tem um campo de provas invejável, onde diariamente são realizados testes nas mais diversas condições. A pista, cuja principal finalidade é testar produtos para as montadoras e, depois, para o cliente final, dispõe de um sofisticado sistema de irrigação, além de área off-road, mirante e teto de vidro para testes especiais. Na pista molhada, César prova por A mais B que os pneus em melhores condições devem estar atrás, e não na frente, do carro.
Imagine o carro com três eixos de rotação: um deles é aquele que atravessa da placa dianteira até a traseira. Esse é o eixo responsável pelo capotamento do carro. Outro eixo passa do capô em direção ao piso do carro, responsável pelo movimento de rotação. O terceiro eixo é aquele que passa pelo meio do carro, de uma porta à outra. Esse é o eixo responsável pelo movimento de cavalo-de-pau, quando toda a carga é transferida para a frente, em uma freada brusca.
Os carros são projetados para sair de dianteira. Portanto, o eixo da frente é o que dá previsibilidade. É por esse motivo que o pneu canta em uma curva acentuada. O cantar do pneu é o aviso para que o motorista não perca o controle do carro. Ele avisa ao motorista que a curva está sendo demais para as possibilidades dele, que é melhor diminuir a velocidade.
Se a freada for muito brusca, o eixo faz o carro transferir carga para a frente. Mas, em uma situação de pista molhada, o eixo traseiro não obedece a nenhum comando. Se o pneus traseiros estiverem gastos, a parte de trás do carro vai para a frente.
O eixo dianteiro é o primeiro a chegar a uma poça de água. Ele passa a informação, via direção, para o motorista. É quando a direção fica leve e o carro puxa para um dos lados. Depois do eixo dianteiro, o motorista chega na poça de água, seguido pelo eixo traseiro. Os pneus da frente, portanto, têm a função de avisar os de trás se é possível ou não enfrentar a situação pela qual ele está passando. Quando os pneus da frente dão sinal verde, mas os de trás não vão conseguir superar aquele obstáculo em particular, temos uma situação de perigo iminente.
Controlar o carro no aquaplane é missão impossível. Se o pneu não tem atrito com o solo, não adianta virar a direção. O pneu sequer sabe que a direção está sendo virada. Portanto, o melhor de tudo é manter a calma. O importante é que, ao fim do aquaplane, o volante esteja virado na direção certa, que é aquela onde ele estava quando o carro passou pela poça de água. Acelerar ou frear também não terá nenhum efeito enquanto o carro estiver atravessando o aquaplane, mas quando a poça acabar, o carro estará descontrolado. A única coisa a fazer é manter o sangue frio e se preparar. Em poucos átimos de segundo o aquaplane vai acabar e o motorista vai recuperar o controle. Nessa hora, o recontrole do carro pode salvar a vida dos ocupantes.
Como saber se está na hora de fazer a troca de pneus:
Há uma marcação ao longo dos pneus, o TWI, que indica o momento da troca. Ele é o que indica que chegou o momento da troca. É fácil, pela simples observação visual, determinar se o desgaste dos pneus ultrapassou o aceitável. Basta procurar as estrias que existem no pneu e que devem estar sempre mais baixas do que o restante. Se o pneu está no mesmo nível do TWI, é sinal de que o desgaste ultrapassou 1,6 mm. Hora de botar a mão no bolso, pois andar com pneus inadequados representa risco para os passageiros do carro.
Resumindo: os pneus mais novos devem sempre estar no eixo traseiro
Ao entrar em um aquaplane, nada de pânico ou ações bruscas. Não adianta tentar controlar o carro!
A aceleração tem que se manter constante, a mesma do momento zero de entrada do aquaplane, ou no máximo uma desaceleração muito gradual.
O aquaplane vai acabar muito bruscamente. Toda a concentração deve estar focada em manter o rumo inicial, pré-aquaplane, que o carro estava tomando.
Acabou o aquaplane! Ufa! Você salvou a sua vida, a vida dos outros ocupantes do carro e de quem estava por perto no momento do perigo. Agora, relaxe. A adrenalina que você liberou nesse momento de tensão vai ser liberada no sangue. Procure parar o carro na primeira oportunidade, respirar fundo, restabelecer o auto-controle. O sangue, que se concentrou no cérebro, vai voltar lentamente às extremidades e você deve sentir um formigamento em seus braços e pernas, seguido por tremedeira. Por esse mesmo motivo, você muito dificilmente vai se lembrar do momento do aquaplane. Como a memória não foi considerada uma função vital pelo seu cérebro, aqueles momentos simplesmente não foram gravados.
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