3 de jun. de 2010

Avaliação com o hatch Peugeot 307.

Às vésperas de sair de linha, Peugeot 307 oferece o seu melhor custo/benefício com um design ainda moderno.



O Peugeot 307 é um daqueles carros que atingiu a maturidade no mercado brasileiro. Produzido na Argentina desde 2004, o hatch médio da marca francesa já recebeu todos os aprimoramentos e equipamentos possíveis. E agora, prestes a ser substituído pela linha 308, ainda ostenta um visual razoavelmente contemporâneo, bom pacote tecnológico e atinge o seu melhor custo/benefício, com os preços atraentes típicos de um modelo em fim de carreira. Uma relação que fica ainda mais interessante na versão Presence Pack 1.6, mais comercializada e que responde sozinha por quase 60% das vendas do dois volumes. Por R$ 52.800, ela é quase R$ 3 mil mais cara que a inicial Presence – R$ 49.900 –, mas oferece vários itens extras.

É verdade que as diferenças são majoritariamente estéticas. A configuração Presence Pack recebe a mais que a “de entrada” teto-solar elétrico, rodas de liga leve aro 16, faróis de neblina, frisos laterais na cor do veículo e grade frontal com friso cromado. Na parte de equipamentos, apenas rádio/CD/MP3 com comando satélite na coluna de direção. No mais, o modelo sai de fábrica com airbag duplo, freios com ABS, regulagem de altura dos faróis, avisos de portas abertas e de não afivelamento do cinto do motorista e lanterna de neblina. Os itens de conforto são previsíveis para o segmento: ar, direção eletro-hidráulica, trio, vidros com sistema um toque e com fechamento automático no telecomando da chave, ajustes de altura e de profundidade do volante e do banco do motorista, computador de bordo, entre outros.



Para não comprometer esse custo/benefício, muitos equipamentos ficam no rol de opcionais. O 307 Presence Pack pode receber alarme, sensor de obstáculos traseiro, Bluetooth e disqueteira para cinco CDs, o que faz o preço passar dos R$ 55 mil. Um “pacote” interessante ao considerar que o hatch da Peugeot não está tão datado. Sua frente com a grade em forma de bocão e os faróis angulosos aliada à traseira com saliências e lanternas em forma de folha ainda emprestam um ar moderninho ao carro. Outro ponto interessante é o competente motor 1.6 16V com 110/113 cv a 5.600 rpm e torque máximo de 14,2/15,4 kgfm a 4 mil giros.

Desta forma, o 307 Presence Pack permanece bem situado para brigar no segmento de hatches médios. Por R$ 52.800, fica próximo do Fiat Stilo 1.8 – R$ 52.280 – e do Volkswagen Golf 1.6 – R$ 52.350 –, mas nenhum dos dois oferece airbag duplo, o ABS e o teto-solar. Já o Ford Focus GL 1.6 16V – R$ 52.600 – não tem teto-solar, só tem vidros elétricos na frente e não conta com ABS. O mais próximo da versão da Peugeot é o companheiro de plataforma Citroën C4 GLX 1.6 16V – R$ 52.380 –, que também não tem teto-solar. A grande e gritante diferença é que seus rivais ainda não têm a chegada de seus substitutos tão definida quanto o 307.

Ponto a ponto

Desempenho – O propulsor 1.6 16V de 113 cv dá conta de mover os 1.300 kg do 307. Mas nada de arroubos de performance. As arrancadas são satisfatórias, com uma boa resposta do motor ao pedal do acelerador e um zero a 100 km/h em 10,2 segundos. As retomadas são mais complicadas, já que o motor só enche mesmo próximo dos 4 mil giros, o que exige reduzidas constantes de marcha na hora das serras e ultrapassagens. A máxima foi de 180 km/h. Nota 7.



Estabilidade – O 307 é um hatch equilibrado, que torce a carroceria dentro da normalidade e não faz menção de sair de frente nas curvas. Uma sensação de flutuação em retas surge a 160 km/h e nas freadas o modelo não mergulha em demasia e se mantém na trajetória, auxiliado pelo ABS dos freios. Nota 8.

Interatividade – O comando de ajuste do retrovisor elétrico é meio escondido e é o único que destoa da ergonomia eficiente do modelo. O quadro de instrumentos é de fácil visualização, assim como as informações do computador de bordo e do rádio, acima e ao centro do painel. A versão conta com ajustes do banco e do volante. O câmbio tem engates precisos, cursos relativamente curtos, mas merecia ser um pouco menos áspero. A visibilidade dianteira é ótima, graças ao amplo para-brisas, e as colunas traseiras não chegam a atrapalhar na hora de estacionar de ré. Nota 7.

Consumo – O modelo testado anotou a média de 7,5 km/l com etanol e uso 2/3 urbano, nada mal para uma era de carros flex beberrões. Nota 7.

Tecnologia – O 307 usa uma plataforma de 2001, com nove anos de uso, e oferece o previsível em termos de itens de segurança e conforto. O motor
1.6 16V também é velho conhecido. Nota 6.

Conforto – O hatch oferece o espaço que se espera de um médio. O vão para cabeças e pernas é bom e atrás dois adultos e uma criança viajam sem grandes apertos. A suspensão quica um pouco nas buraqueiras das ruas brasileiras e o isolamento acústico se mostra eficiente até os 120 km/h. Nota 7.

Habitabilidade – O bom vão das portas facilita o acesso ao veículo, mas o caimento da terceira coluna obriga os ocupantes de trás a certos contorcionismos na hora de entrar. Há um número razoável de porta-objetos, com destaque para os das portas, bastante amplos, em contraste com os porta-trecos do console central mal posicionados e pouco práticos. O porta-malas de 420 litros surpreende para o segmento, onde os hatches costumam abrigar menos de 400 litros. Nota 7.

Acabamento – Os materiais utilizados no interior do 307 aparentam qualidade e têm texturas agradáveis. Há alguns detalhes cromados que emprestam certo requinte e os fechamentos e encaixes são precisos. Nota 8.



Design – Apesar de ter oito anos de estrada, o modelo ainda inspira algum arrojo com seus faróis angulosos e sua grade bocão. Na Europa, contudo, o 308 já é realidade desde o ano passado. Nota 7.

Custo/benefício – A versão Presence Pack agrega uma relação interessante de equipamentos por pouco mais de R$ 52 mil e fica mais competitiva que seus rivais. Nota 8.

Total – O 307 Presence Pack 1.6 somou 72 pontos em 100 possíveis.

Impressões ao dirigir - Velho conhecido

O Peugeot 307 sempre foi um carro elogiável, em diversos sentidos. Oferece boa dirigibilidade, desempenho correto, comportamento dinâmico exemplar e uma boa relação custo/benefício. O bem-estar a bordo é garantido logo de cara pelos bancos largos e confortáveis, a boa visibilidade frontal e traseira e pela elevada posição de dirigir. Ao virar a chave, o motor de 113 cv – com puro etanol no tanque – prova mais uma vez que combina muito bem com a faceta urbana do hatch médio argentino. As respostas ao acelerador são ágeis, o que assegura arrancadas bastante honestas para um propulsor 1.6 e um carro de pouco mais de 1,3 tonelada.

Na hora das retomadas, é preciso mais paciência. O motor demora a encher e o torque de 15,5 kgfm só está plenamente disponível mesmo próximo dos 4 mil giros. Ou seja, em trechos de serra, por exemplo, as reduções de marcha se fazem constantes. Nessas situações, porém, o 307 mostra seu equilíbrio dinâmico.
Mesmo um pouco mais agressivo nas curvas, a carroceria torce dentro da normalidade e o carro não faz menção de desgarrar. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante só vacila a partir dos 160 km/h, próximo da máxima alcançada de 180 km/h.

No trânsito cotidiano, o 307 faz valer seu conforto. É verdade que a suspensão, principalmente a traseira, merecia uma calibragem melhor para absorver as irregularidades do piso.

Em terrenos muitos esburacados, os ocupantes sofrem com os sacolejos. O isolamento acústico, em contrapartida, é bastante eficiente. E nem mesmo o consumo incomoda, com uma média de 7,5 km/l com etanol em percurso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada.

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