Hoje consumidor não tem apenas o valor do carro para decidir
A arquiteta Clarissa Marques sempre ouviu que o ideal é comprar um carro zero, pois a pessoa fica tranquila com a garantia, que pode se estender até por três anos. Ela sempre rezou nesta cartilha, mas há alguns meses começou a ouvir outros conselhos. Com R$ 30 mil na mão para comprar um carro, pesquisou e percebeu que com este dinheiro não teria como atender seu desejo, que era ter ar-condicionado. Ela narra seu dilema:
"Percebi que não conseguia encontrar carro só com ar-condicionado. Quando tinha ar, vinha também com direção hidráulica e vidros elétricos. Eu preciso apenas de ar, mas não existe um carro assim. Quando via o preço ele chegava a R$ 36 mil ou mais".
O seu pai tinha comprado um carro usado e estava satisfeito. Ouviu amigos e tios e resolveu pesquisar o mercado. No final das contas ela ficou com um Peugeot 207 2008/2009 completo. O carro tem direção hidráulica, ar condicionado, vidros elétricos, som e outros acessórios que não conseguiria num carro zero com este valor.
O comerciante José Luiz Cirillo fez o caminho inverso. Ele sempre comprou carro usado, mas agora resolveu entrar num carro zero. Motivo? Ele explica:
"Eu pensei na garantia e então entrei num Palio. É que atualmente há muita facilidade para se comprar um carro zero. Mas fiz uma burrada, que me arrependo. Poderia ter feito um financiamento com uma prestação um pouco mais alta e ter um carro com ar-condicionado e direção hidráulica." Enquanto Clarissa diz estar satisfeita - embora já está notando pequenos problemas, como barulho no freio e uma pequena infiltração de água onde esta instalado a antena - José Luiz anda tranquilo, mas não pode circular com os vidros fechados nesta época de calor intenso.
Clarissa ainda tem até o próximo mês para levar o carro na Peugeot, utilizando-se da garantia. Se o problema for coisa simples, ela garante que ficará muito satisfeita com a compra do carro. Tem outro probleminha, coisas de comprar carro usado: o antigo dono perdeu a chave com controle de abertura das portas. Agora, para entrar no carro, só colocando a chave na fechadura. Ela consultou a concessionária e, para fazer nova chave, ela vai gastar R$ 500. Vai procurar o mercado paralelo para ver se é possível resolver o seu problema a um custo menor, se não encontrar, continuará por um tempo sem a chave com controle.
Carro na garagem, é hora de fazer seguro
Os dois têm o mesmo pensamento, não andar com carro antes de estar segurado. Como Clarissa tem uma irmã com menos de 25 anos que eventualmente vai dirigir o carro, ela procurou uma seguradora que não exigisse perfil. Estava quase fechando com uma delas, mas o problema de pagar mais porque sua irmã é muito jovem a incomodava. Veio então a saída: sua mãe sempre fez seguro naquele banco. Bastou uma conversa com o gerente para livrar a filha da exigência do perfil. Está pagando em seis vezes, sem juros.
José Luiz era cliente de outra seguradora. Ele só tem elogios para com a empresa, mas agora está com dois filhos em idade onde pesa muito na hora de declarar às seguradoras. O rapaz tem 20 anos e a menina 18. O negócio foi pesquisar. Foi então que encontrou outra proposta, que não se incomoda com isso. Fez o contrato e a família toda anda despreocupada com o novo Palio.
A história destas duas pessoas mostra claramente que o consumidor hoje tem outras variáveis para decidir uma compra do que apenas o valor do carro. O mercado está sofrendo mudanças, com os carros usados, ou seminovos, ocupando espaços para quem tem pouco dinheiro, mas quer conforto. Dependendo de quem dirige o carro, o valor do seguro pesa muito.
É bom lembrar que um carro sofre a sua maior desvalorização no primeiro ano de uso (15%). Por isso, quem gosta de trocar de carro todo ano, acaba perdendo dinheiro. É aí que entra o comprador que aproveita as boas ofertas e não se preocupa com o cheiro de carro novo, mas com o conforto que ele oferece e com a oportunidade de mercado.
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