Versão Limited, que sai a R$ 65,9 mil, tem ótimo acabamento; senões ficam por conta do consumo e da dirigibilidadeA vida do consumidor de automóveis não é nada fácil. Antes, a dificuldade era a falta de opções. Agora é o excesso, inclusive com algumas equações difíceis de resolver. Vale a pena, por exemplo, comprar um carro supercompleto que gasta um bocado de combustível? Essa é a pergunta que qualquer interessado no Chrysler PT Cruiser terá de se fazer antes de considerar sua aquisição.
Com estilo retrô, o carro vem muito completo desde a versão Classic. Nela, ele vem com banco do motorista com regulagem elétrica, ar-condicionado, direção hidráulica, vidros, retrovisores e travas elétricas, cãmbio automático de quatro marchas AutoStick, computador de bordo, freios a disco nas quatro rodas com ABS e toca-CD com entrada auxiliar, mas sem leitura de MP3. As rodas, de aro 15”, são de aço, uma falha que desaparece diante do preço: R$ 56,9 mil. Para um carro chamativo, espaçoso e bem acabado como o PT Cruiser, é uma pechincha.
Mas o carro é ainda mais interessante na versão Limited, que avaliamos. Os bancos são de couro e os dianteiros vêm com aquecimento, algo excelente para regiões frias ou que enfrentam muito frio de vez em quando. As rodas, de aro 17”, são de liga-leve e polidas, assim como os borrachões nas portas. Os cromados estão ainda na grade dianteira e nos puxadores das portas.
Para agradar ainda mais, o Limited vem com sistema de som Boston, de alta fidelidade, teto-solar elétrico, rack de teto ajustável, controlador de velocidade e faróis de neblina. Tudo por R$ 65,9 mil. É mais barato do que um Honda City topo de linha, carro bem inferior em termos de espaço e de acabamento.
Ao volanteSeria um pacote imbatível não fossem os senões do carro. O primeiro e o mais grave deles é consumo, bastante alto para um veículo do porte do PT Cruiser. Com motor 2,4-litros de 143 cv a 5.200 rpm e 220 Nm a 4.000 rpm, movido apenas a gasolina, ele fez em nossa avaliação, segundo o computador de bordo, meros 4 km/l em trajeto essencialmente urbano. É possível que, na estrada, ele consuma menos, mas 4 km/l na cidade é de assustar qualquer orçamento, especialmente aqueles que vêm no PT Cruiser uma excelente relação entre custo e benefício. E se importam com ela.
Isso se explica tanto pela ineficiência tecnológica do motor quanto pelo câmbio automático de quatro marchas. No primeiro ponto, nota-se a ineficiência pelo tamanho do motor e o que ele gera de potência e torque. É algo equivalente ao que a maioria dos motores 2-litros do mercado conseguem, com deslocamento bem menor.
Com relação ao câmbio, ele até responde bem ao acelerador, mas não facilita a vida do carro no que se refere a consumo. Melhor seria ele ter mais marchas e um motor com sistemas de diminuição de consumo e maximização de desempenho, como comando de válvulas variável ou injeção direta de gasolina, mas isso encareceria seu preço.
Por seu estilo exótico, o PT Cruiser oferece uma posição de dirigir diferente da dos demais carros. Na hora de manobrar, isso exige uma certa atenção, já que a traseira vai bem mais longe do que o motorista está acostumado a calcular (bom seria que ele viesse com sensor de estacionamento de série). A dianteira também é longa e demanda costume para ser bem tratada.
Facilitaria bastante se o PT Cruiser tivesse ajuste de distância da coluna de direção, mas ele só tem regulagem de altura. O banco, com comandos elétricos, tem ajuste de altura, o que acaba minimizando a falta do controle de distância da direção.
O painel, com três mostradores analógicos, é de leitura simples, mas a coloração azul não oferece a melhor visualização à noite. Pelo menos o painel não reflete luz, como o do Chevrolet Agile, que tem a mesma cor de iluminação.
Nos bancos traseiros, o espaço é bastante razoável para três passageiros adultos. As pernas também contam com bom espaço, tanto por conta do entre-eixos de 2,62 m quanto pela posição alta de sentar, o chamado “ponto H”. Passageiros mais altos também não vão poder reclamar de pouco espaço para a cabeça, em razão do teto alto.
Será na hora de viajar, entretanto, que os donos do PT Cruiser vão se dar por mais satisfeitos. Além do rack no teto, que permite levar um pouco mais de carga, se for preciso, o porta-malas é de 538 l. Espaçoso como poucos no mercado e com a facilidade de um interior modular, com bancos traseiros fáceis de rebater e de retirar.
Quando se fala na dirigibilidade do PT Cruiser é que aparecem os outros “senões” do carro. Não chegamos a avaliá-lo em estrada, mas ele parece bem mais firme que outros PT Cruiser que avaliamos anteriormente. O problema é virar seu volante e manobrá-lo.
Além das proporções incomuns de carroceria, o modelo retrô da Chrysler esterça muito pouco. Em manobras em vagas pequenas, típicas de condomínios e shopping centers, o PT Cruiser exige paciência. O mesmo acontece em ruas estreitas. O diâmetro de giro do carro parece o de veículos muito maiores do que ele, assim como o consumo.
Se fosse possível resumir o que se pode encontrar no PT Cruiser, nós o faríamos assim: ele tem espaço, consumo, acabamento e esterço de carro grande e preço de carro compacto. Para quem puder lidar bem com a questão de consumo, o pacote é dos mais interessantes à disposição no mercado atualmente.
FICHA TÉCNICA – Chrysler PT Cruiser Limited